đ±đ± Todos os dias jantavam juntos, mas o prato da menina permanecia sempre cheio. Todas as vezes ela fingia comer, movendo o alimento com o garfo â como se fosse apenas um ritual.
Dia apĂłs dia ela se tornava mais parecida com uma sombra, chegando Ă mesa em silĂȘncio e saindo da mesma forma, como se nunca tivesse estado ali.
Para os outros, a famĂlia parecia perfeita. Risos, conversas, harmonia â todas as noites pareciam uma pintura de uma vida feliz. NinguĂ©m percebia que a menina quase nĂŁo tocava na comida.
NinguĂ©m â nem mesmo o pai â se perguntava por que a filha bebia apenas ĂĄgua, por que, mĂȘs apĂłs mĂȘs, ficava cada vez mais silenciosa e invisĂvel.
Para os pais, provavelmente era como um fantasma. Mas um dia, na escola, a menina desmaiou. Foi levada ao hospital. Quando o médico a examinou, olhou para os pais com espanto e perguntou:
â Quem fez isso com ela? đ±đ±
Continuação no primeiro comentĂĄrio đđđ
Logo se descobriu que a mĂŁe, deliberadamente, nĂŁo permitia que a filha se alimentasse de forma adequada, especialmente Ă noite. Com a desculpa de que âpoderia engordarâ, obrigava a menina a fingir que comia â mesmo ela jĂĄ estando frĂĄgil como uma sombra.
A menina permanecia calada, observando a indiferença do pai, escondendo a dor silenciosa que a consumia por dentro.
Quando a verdade finalmente veio Ă tona, a mĂŁe foi encaminhada a acompanhamento psicolĂłgico e perdeu a guarda da filha.
Pela primeira vez, a menina sentiu que seu mundo podia ser seguro: foi morar com a tia, que a abraçava, a ouvia e a protegia.
Foi o começo de uma nova vida â tĂmida no inĂcio, cautelosa, mas cheia de calor e afeto, coisas que ela nunca havia recebido.
E embora as lembranças dos âjantares perfeitosâ, com sorrisos e risos, continuassem em seu coração, agora ela podia respirar livremente, deixando de ser a sombra de si mesma â e, pela primeira vez, permitindo-se simplesmente⊠viver.
