đČEncontrei um filhote no lixo â mas o vĂdeo revelou algo ainda mais estranho
No começo, achei que fosse apenas um monte de roupas velhas.
Encaixada entre uma parede de blocos quebrados e uma pilha de latas descartadas, uma pequena forma mal podia ser vista sob uma camada de terra, embalagens amassadas e sacolas plĂĄsticas.
SĂł quando vi um leve movimento â um gesto hesitante â percebi que estava vivo.
Um cachorro. Ou melhor, um filhote.
Ele nem levantava a cabeça no inĂcio. Apenas deitado ali, encolhido como um brinquedo esquecido.
Me agachei. âEi, pequeninoâŠâ Tirei o celular para filmar, caso precisasse mostrar a alguĂ©m â um abrigo, o centro de controle de zoonoses, qualquer pessoa.
EntĂŁo, um barulho.
Um estalo repentino â como uma tĂĄbua se quebrando ou um passo pesado. Me assustei, me virei, mas nĂŁo vi nada.
Na hora, nĂŁo dei muita importĂąncia.
Mas naquela noite, assistindo ao vĂdeo no sofĂĄ, percebi algo que nĂŁo tinha visto antes.đđđ
Logo apĂłs o barulho â enquanto meu olhar continuava fixo no filhote â havia um movimento atrĂĄs de mim na gravação.
RĂĄpido. Quase imperceptĂvel. Mas lĂĄ estava. Uma silhueta humana, alta, prĂłxima demais, deslizando atrĂĄs de uma lixeira pouco antes da cĂąmera balançar.
NĂŁo era uma sombra. NĂŁo era um efeito de luz.
Era alguém. Observando.
Na manhã seguinte, voltei ao beco, com o filhote enrolado em uma toalha ao meu lado. Eu o tinha limpado o melhor que pude, alimentado, até deixado ele dormir em um travesseiro ao meu lado. Dei-lhe o nome de Patch.
Mas o beco estava diferente. Revirei tudo â atrĂĄs da lixeira, atrĂĄs de um contĂȘiner, atĂ© na escada de emergĂȘncia. Nada. Nenhum sinal de pessoa.
Sem cĂąmeras por perto. SĂł algumas latas de cerveja e pegadas frescas na terra â que nĂŁo eram minhas.
Fui Ă delegacia, mostrei o vĂdeo. Levaram a sĂ©rio, disseram que fariam mais patrulhas pela ĂĄrea, mas eu sentia que nem eles sabiam o que pensar.
Patch estĂĄ seguro agora. Recuperou peso, aprendeu a brincar de novo. Ainda se assusta com barulhos altos, mas abana o rabo quando chego em casa.
Quanto Ă quela pessoa â ou seja lĂĄ o que for â que estava nos observando naquele diaâŠ
Ăs vezes ainda olho por cima do ombro. NĂŁo por medo, exatamente. SĂł um instinto tranquilo. Um lembrete de que, numa cidade cheia de gente, a gente nunca estĂĄ realmente sozinho.