đâđŠș As pessoas viram um cĂŁo exausto sair da floresta com um saco plĂĄstico nos dentes. Quando o abriram, ficaram chocadas com o que encontraram dentro.
Parecia uma noite como qualquer outra, mas algo estranho surgiu entre as ĂĄrvores.
O silĂȘncio foi quebrado pelo grito de uma criança:
â «MamĂŁe! Olha! O cachorro estĂĄ trazendo alguma coisa!»
Da sombra espessa surgiu um cachorro mancando. NĂŁo era um fantasma, mas parecia um.
Exausto, pele e osso, costelas salientes, tufos de pelo, cauda baixa, patas trĂȘmulas. Os olhos â vazios, suplicantes.
E na boca â um saco plĂĄstico sujo e rasgado. Segurava-o como se fosse tudo o que lhe restava.
NĂŁo emitiu som algum. Apenas caminhava. O corpo cedia, mas por dentro brilhava um propĂłsito.
Uma mulher, Carla, que regava as flores na frente de casa, deixou o regador cair e correu em sua direção.
â «Calma, docinho⊠agora vocĂȘ estĂĄ segura.»
O cĂŁo se aproximou, deitou-se no chĂŁo e com esforço empurrou o saco com o focinho. O rabo se mexeu levemente â um sinal de confiança.
Carla se ajoelhou e, com as mĂŁos trĂȘmulas, abriu cuidadosamente o saco.
O que viu a deixou sem fĂŽlego⊠Continua no primeiro comentĂĄrio đ
LĂĄ dentro, no fundo, havia dois filhotes minĂșsculos. Os olhos ainda fechados. Choramingavam baixinho, mas havia vida em seus sons. As patinhas se moviam, buscando calor.
A mĂŁe emitiu um som profundo â nĂŁo de dor, mas de alĂvio. Deitou-se ao lado deles, oferecendo o pouco leite que ainda tinha.
Em poucos minutos, os vizinhos chegaram. AlguĂ©m trouxe uma manta, outro uma lanterna e um pouco de comida. O marido de Carla chegou com uma bolsa de ĂĄgua quente e caldo. Todos agiram como um sĂł coração â para salvar aqueles trĂȘs.
O veterinĂĄrio disse depois que, provavelmente, ela havia sido abandonada semanas antes. Deu Ă luz sozinha na floresta, protegendo os filhotes da chuva, do frio e dos predadores.
E quando não teve mais forças⊠pÎs-se a caminho.
Escolheu confiar novamente nos humanos â os mesmos que a tinham deixado para trĂĄs. Levava seus filhotes no saco, entre espinhos e lama, nĂŁo por ela â por eles.
E nĂŁo em vĂŁo.
Uma cidade inteira os acolheu.
Deram-lhe o nome de Nova â sĂmbolo de nova vida. Os filhotes, Luz e Eco. Reflexos do que representavam: esperança e voz reencontrada.
Nova se recuperou rapidamente. Com amor, comida de verdade e calor, os ossos desapareceram sob um belo manto. Os olhos brilharam. O rabo balançava de alegria. E os filhotes? Corriam felizes ao sol.
Nova estava sempre por perto. E Ă noite, dormiam juntos, finalmente em paz.
Os herĂłis estĂŁo por toda parte.
Nem sempre falam. Nem sempre usam uniformes. Nem sempre brilham.
Ăs vezes⊠saem da floresta, mancando, com um saco nos dentes que carrega a prĂłpria vida.
E Ă© um amor que o mundo vĂȘ raramente.